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Pesquisadores exumarão corpo de Bárbara de Alencar, 1ª presa política do Brasil

Avó do escritor José de Alencar, Bárbara de Alencar será exumada, no interior do Ceará, para fazer uma reconstituição gráfica de seu rosto.

Por Por Antonio Rodrigues, G1 CE

26/07/2019 às 09h57 • atualizado em 26/07/2019 às 09h59

Avó do escritor José de Alencar, Bárbara de Alencar será exumada, no interior do Ceará, para fazer uma reconstituição gráfica de seu rosto. (Foto: Biblioteca Nacional)

Uma equipe de pesquisadores visita, na tarde desta quinta-feira (25), o distrito de Itaguá, em Campos Sales, município cearense a cerca de 490 km de Fortaleza, onde está sepultado o corpo de Bárbara Pereira de Alencar, heroína da Revolução Pernambucana de 1817, avó do escritor José de Alencar, tida como a primeira presa política do Brasil. O objetivo é exumar seu corpo para fazer uma reconstituição gráfica de seu rosto.

A ideia partiu do presidente do Instituto Cultural do Ceará (ICC), o advogado Heitor Feitosa, que entrou em contato com o também advogado e pesquisador cearense José Luís Lira, que já participou de trabalhos semelhantes, como as reconstituições do rosto de Santa Paulina e de Santa Maria Magdalena. “A partir disso teremos uma ideia mais exata de como era a face de dona Bárbara. As imagens que conhecemos até então são imaginárias. São pinturas que o Oscar Alencar criou”, justifica Heitor.

O grupo esteve ainda nesta manhã na Câmara Municipal de Campos Sales explicando como funcionará o procedimento para os vereadores e para os moradores da cidade. “Nada que tem lá será retirado. Seguiremos todos os protocolos científicos. Não há nada ilícito”, ressaltou José Luís Lira. Porém, o dia exato da exumação ainda não está definido.

Luís explicou que este trabalho já é feito há algum tempo. “Antes de completar cinco anos (de sepultamento), a exumação tem que ser com autorização judicial. Depois de cinco anos, a autorização é do diretor do cemitério. Como não está em cemitério e sim numa capela, procuramos a Diocese. Mandamos a proposta, carta de apresentação e o bispo concordou”, justifica.

A equipe abrirá a urna, todos portando máscaras, porque o corpo pode ter alguma bactéria. As pessoas podem acompanhar de uma certa distância. “Primeiro, vamos verificar o crânio e ver se é possível ou não. Se tiver só a parte de cima, sem olhos, nariz, não é possível. Até sem mandíbula já pode ser feito”, conta. Os pesquisadores fotografarão o corpo e o encaminharão para o renomado designer 3D Cícero Moraes, responsável por reconstituições faciais famosas como de Santo Antônio de Pádua e Dom Pedro I.

Trajetória
Nascida na Fazenda Caiçara, em Exu (PE), Bárbara de Alencar se mudou, ainda jovem, para o Crato, onde trabalhou como comerciante. Ela foi uma das lideranças da Revolução Pernambucana no Ceará, movimento emancipacionista que eclodiu em 1817 e lutava pela separação do Brasil de Portugal. Graças a sua participação, foi presa e torturada em uma das celas da Fortaleza de Nossa Senhora de Assunção. Por isso, é considerada a primeira prisioneira política do Brasil.

Depois, também participou da Confederação do Equador (1824), movimento separatista e republicado que proclamou a independência de algumas províncias do restante do país. Bárbara é mãe dos também revolucionários José Martiniano Pereira de Alencar e Tristão Gonçalves e avó do escritor José de Alencar. Após peregrinar fugindo da perseguição política, a comerciante morreu em Fronteiras (PI), e foi sepultada em Campos Sales, cidade vizinha.

Fonte: Por Antonio Rodrigues, G1 CE - https://g1.globo.com/ce/ceara/noticia/2019/07/25/pesquisadores-exumarao-corpo-de-barbara-de-alencar-1a-presa-politica-do-brasil.ghtml

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