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Uso de Paracetamol na infância para conter a febre é ligado ao maior risco de ter asma

O medicamento é indicado para a redução da febre e para o alívio temporário de dores leves a moderadas.

Por Cura pela Natureza

25/09/2018 às 08h33

Os riscos do medicamento a longo prazo

Você, provavelmente, já tomou ou pelo menos já ouviu falar no conhecido remédio paracetamol, não é?

O medicamento é indicado para a redução da febre e para o alívio temporário de dores leves a moderadas.

Mas o que pouca gente sabe é a possível a relação entre o paracetamol e a asma.

Ficou confuso?

A gente explica: de acordo com nova pesquisa apresentada no Congresso Internacional da Sociedade Respiratória Europeia, as crianças que tomam paracetamol durante os primeiros dois anos de vida podem ter um risco maior de desenvolver asma até os 18 anos.

Xin Dai, Ph.D em Saúde Alimentar e Pulmonar da Universidade de Melbourne, na Austrália, disse que a ligação entre o uso de paracetamol e asma parecia mais forte naqueles que tinham uma variante particular do gene da glutationa S-transferase (GST), GSTP1.

No entanto, ela alertou que a pesquisa mostrou apenas que havia uma associação entre paracetamol e asma, e não que o medicamento causou a doença.

Ela também descobriu que outra variante do gene GST, GSTM1, estava ligada à função pulmonar reduzida.

Os genes da GST contêm as instruções para produzir enzimas que usam um antioxidante chamado glutationa para eliminar os efeitos da exposição às toxinas no corpo e nos pulmões.

“Paracetamol, por outro lado, consome glutationa, reduzindo a capacidade do corpo para lidar com a exposição tóxica”, explicou Xin Dai.

“Nossa hipótese é que pessoas que não têm atividade enzimática completa de GST por causa de variações genéticas comuns podem ser mais suscetíveis a efeitos adversos nos pulmões pelo uso de paracetamol.”

Para a realização da pesquisa, foram investigadas 620 crianças, acompanhadas desde o nascimento até os 18 anos de idade.

Elas foram recrutadas para o estudo antes de nascerem.

Isso porque faziam parte do grupo de pessoas com alto risco de desenvolver uma doença relacionada à alergia.

As crianças tinham pelo menos um membro da família (mãe, pai ou irmão) com uma doença alérgica autorreferida (asma, eczema, febre do feno ou uma grave alergia alimentar).

Após o nascimento, uma enfermeira pesquisadora ligava para a família a cada quatro semanas nos primeiros 15 meses, e depois aos 18 meses e aos 2 anos de idade.

Perguntava quantos dias nas semanas anteriores a criança havia tomado paracetamol.

Quando elas (as crianças) completaram 18 anos, foram feitos exames de sangue e saliva para testar as variantes dos genes GST: GSTT1, GSTM1 e GSTP1.

Elas também foram avaliados para asma, e um teste de espirometria foi realizado para medir a quantidade de ar inalado e exalado ao respirar através de um bocal.

Uma variante do gene GSTP1, GSTP1 Ile / Ile (em que o aminoácido Isoleucina (Ile) é herdado de ambos os pais), foi associada a um maior risco de desenvolver asma.

“Descobrimos que as crianças com a variante Ile / Ile GSTP1 tinham 1,8 vezes maior risco de desenvolver asma até os 18 anos de idade para cada duplicação dos dias de exposição ao paracetamol, quando comparados com crianças que estavam menos expostas”, disse Dai.

“Em contraste, o aumento da exposição ao paracetamol em crianças que tinham outros tipos de GSTP1 não alterou o risco de asma.”

Foram encontrados também efeitos em crianças que tinham uma variante de GSTM1.

Nestas, o aumento do uso de paracetamol foi associado com pequena, mas significativa redução na quantidade de ar que eles poderiam expirar em um segundo aos 18 anos.

É importante dizer que os pesquisadores não descobriram se a relação encontrada entre o uso de paracetamol e a função pulmonar é clinicamente importante.

As descobertas fornecem mais evidências de que o uso de paracetamol na infância pode ter um efeito adverso na saúde respiratória de crianças com perfis genéticos particulares e poderia ser uma possível causa de asma.

No entanto, esses achados precisam ser confirmados por outros estudos e o grau de efeito adverso melhor compreendido antes que essa evidência possa ser usada para influenciar a prática e antes que as orientações sobre o uso de paracetamol sejam alteradas.

Fonte: Cura pela Natureza - https://www.curapelanatureza.com.br/post/09/2018/uso-de-paracetamol-na-infancia-ligado-risco-maior-de-ter-asma?utm_source=pushnews&utm_medium=pushnotification

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